sábado, 8 de fevereiro de 2014

Lenda



Certa vez caminhando pelas fronteiras da Terras do Nunca  deparei-me com uma mulher entre alguns gatos; reconheci Freya lendo atentamente algo que presumi ser um livro cujo título meus olhos não podiam ver. Convidou-me a sentar, e imediatamente disse que eu teria viagens caso consumisse a mistura de determinadas plantas em proporções que ela estava aprimorando naqueles escritos. Segundo ela, essa mistura trazia à vida uma lenda. Me propôs um convite: tomar a poção que ela me servia em forma de chá, enquanto me contava a lenda sobre o Falcão Peregrino.

“A lenda:
Uma ave gostava de brincar de andar
Olhou o mundo dos homens e desejou ser gente 
Aprendeu a andar no mundo de gente 
Parou de voar, treinou postura e jeito de andar
Aprendeu falar e a se comunicar Ler e escrever tirou de números e letras. Desenvolveu os sentidos próximo das gentes Aprendeu ouvir como gente. Caminhou mais que alguma gente No mundo de gente foi reconhecido por ir mais longe que outras gente Entendia tanto de gente, que diziam: “até mais que a própria gente” Ele mesmo pensava ser gente! Um dia alguém desconfiou que ele não era gente Alguém sugeriu que ele era ave Mas como uma ave poderia viver tanto tempo andando no meio de gente? Todos o consideram inteligente e um o reconheceu mentalmente doente Uns o consideravam divino, outros o consideravam girino Ele se reconheceu diferente; pouco importava se do divino ou do malvino Acreditou ser um demônio de gente; como conseguiu viver naquele mundo indigente?   Se reconheceu como ave onde pensava ser gente Despediu-se apenas do Alceu amigo gente Retomou sua mente e se lembrou de voar Era de volta uma ave que um dia aprendeu a andar”  
Com a beleza da sua inteligência, intelecto e corpo, Freya, com sua voz regida pela mistura de sotaques adquiridos por sua vivencia entre anões, duendes, gigantes, deuses, animais..etc..etc...continuou sorrindo: 

 “Aquele que um dia foi andarilho em gratidão à gente, voa com uma ou outra gente Prefere voar com gente, que pensa ser gente diferente.” 

O sabor amargo que me descia a garganta enquanto eu a ouvia, terminou sua subida leve ao cérebro e aos céus. 
Começava outro vôo.
  

Falcão Andarilho por Manasses: Sofia, obrigado por me lembrar dessa história, que sequer eu sabia que ela existia 14:02.



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