domingo, 6 de abril de 2008

Préstumo


Sras. e Srs., aqui presentes. Amigos, irmãos, etc. e tal.
Sem blá,blá blá... Manassés, que não fazia cerimônias, ficaria puto se essa,em sua memória, se estendesse por alguns minutos e nada de novo, nenhuma idéia nova fosse dita. "Que perda de tempo", diria ele a si mesmo - e sem a menor cerimônia, recuaria em seu próprio mundo procurando algo com o que se divertir. Analisaria cada palavra dita pelo(s) interlocutor(es) e trataria de aprender algo. Ria sozinho da própria ignorância, por considerar um papo "prego", por observar outros conseguirem se manter entretidos por horas a fio, martelando esse papo. Aqui vai uma das mentes mais inquietas e estranhas que conheci. Alguém que mesmo tendo crescido, não parou de perguntar "porque?", de pensar "como?" de olhar para cima. Sempre perguntando: "O que você aprendeu?" Não importava qual a experiência que havia passado, ou estava passando; sempre tirava uma lição, sem necessariamente ter uma conclusão. Ficava recluso por horas, simplesmente pensando - sabe-se lá Deus quantos watts eram consumidos pelo seu cérebro. Não aceitava, talvez por não entender, um "eu não consigo", ou, "eu não posso". É bem verdade que não conseguia comunicar-se com muita gente, mas é verdade também que fazia um esforço sobrenatural para fazer-se entender... E quando conseguia, que bela conversa era sustentada... Quanta coisa se pensava aprender com esse que hoje nos deixa. Quantas conexões, por vezes abstratas, ele fazia para desespero de alguns despreparados, porém, sempre preocupado e perguntando " filosófico demais?" - isso o tornava chato grande parte das vezes, mas misteriosamente atraia muitas pessoas ao seu redor. Sem cerimônia, dizia "não", a uma vendedora que lhe indicasse um cofre para depositar a moeda que acabara de receber de troco, dizendo "para ajudar crianças com câncer" - o mesmo tempo que se emocionava ao ver uma criança na rua e oferecia uma moeda contrariando a todas as campanhas sociais. Ávido por conhecimento, conseguia ver novidade em tudo, mesmo tendo assistindo ao mesmo filme 10 vezes, ou lido o mesmo livro cinco vezes ou ainda observando um pedaço de madeira no microscópio, sempre fazia uma conexão nova, tentando entender (ou fazer ligações) situações novas ou mesmo o seu próprio comportamento. Obstinado, acreditava que a vida não é para ser vivida ao acaso, mas até mesmo o acaso tem boas surpresas e "coincidências" obvias de mais para ser mero acaso. Inquieto e ao mesmo tempo paciente, observador e distraído. Amava as crianças pois acreditava que elas são o futuro - agora. Vida após a morte? Com certeza, só não sabia explicar como essa nova vida seria vivida. - Na vida nada se cria, tudo se transforma , e se melhora - vivia dizendo.
Aqui vai o grande Manassés, para sua nova vida, que com certeza está procurando descobrir qual é a melhor forma de ser vivida.


Manassés
30/03/2008

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